Alta concentração de células do sistema imunológico durante a infância e juventude pode explicar por que quadros graves da doença são menos comuns nos pequenos
Diferenças na fisiologia pulmonar e na função imunológica das crianças podem ser o motivo pelo qual quadros graves de Covid-19 são menos frequentes entre os pequenos e adolescentes. Médicos da Universidade do Texas e do Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, publicaram um artigo sobre o assunto na edição de julho do American Journal of Physiology-Lung Cellular and Molecular Physiology.
Segundo o estudo realizado pelos especialistas, apenas cerca de 1,7% dos primeiros 150 mil casos do novo coronavírus nos EUA eram bebês, crianças e adolescentes — o que é pouco, considerando que 22% dos norte-americanos fazem parte deste grupo. "Essas taxas profundamente reduzidas de infecção sintomática, hospitalização e morte estão muito além da [representação] estatística, requerem mais exames e podem ser a chave para identificar agentes terapêuticos [para a Covid-19]", escreveram os autores do artigo.
O Sars-CoV-2 utiliza a enzima de conversão da angiotensina 2s (ACE2), presente nas nossas células, como porta de entrada para invadir e controlar estas partículas humanas. Segundo o novo estudo, as crianças, entretanto, tem uma quantidade muito menor de ACE2 no corpo do que os adultos.
Além disso, os cientistas observaram que o sistema imunológico dos mais jovens responde ao novo coronavírus de maneira distinta dos adultos. Entre as diferenças está a ação das células T, que são capazes de combater ou limitar a inflamação causada pelo patógeno.
"As células T têm uma resposta viral e também uma resposta moduladora imunológica. Em casos graves de pacientes adultos com Covid-19, vimos que essas células T diminuem, reduzindo a capacidade de combater o vírus", afirmou Harry Karmouty-Quintana, coautor do estudo, em declaração à imprensa. "Nas crianças, essas células T parecem ser mantidas [no mesmo nível], mantendo ainda a capacidade combater o vírus."
via: galileu