quarta-feira, 11 de junho de 2014

VEÍCULOS - CARROS FLEX: PRÓS, CONTRAS E O FUTURO

Depois de 11 anos, modelos flex vendidos no Brasil ainda têm o que evoluir


Já se vão longos 11 anos desde que a tecnologia flex estreou no Brasil – a Volkswagen foi a pioneira com o lançamento do Gol Total Flex em 2003. Desde então o sistema se popularizou e a estimativa da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) é que, atualmente, cerca de 60% da frota brasileira seja composta de veículos flex e que  90% dos modelos disponíveis no mercado ofereçam a tecnologia.

Ou seja, se você não tem um carro flex na garagem, seu vizinho tem. Apesar disso, o fato de poder abastecer tanto com qualquer mistura de etanol e gasolina ainda gera muita polêmica (você com certeza conhece alguém que defende apenas um dos combustíveis) e dúvidas na cabeça do consumidor. Para esclarecer alguns pontos, batemos um papo com Eduardo Tomanik, coordenador da comissão técnica de motores Ciclo OTTO da SAE Brasil.

Vantagens e Desvantagens

Que o etanol polui menos que a gasolina você já sabe. Mas como imaginamos que sua preocupação com o urso polar não está na lista de prioridades, vamos direto para como cada um dos combustíveis interfere no seu carro e no seu bolso.

O motor libera mais potência e torque quando abastecido com etanol, certo? Segundo Tomanik, isso acontece por causa da alta octanagem (índice de resistência à detonação no motor) do combustível, o que permite uma maior taxa de compressão (número de vezes que a mistura do combustível precisar ser diminuída para caber na câmera de combustão).

Apesar de ser mais potente e mais barato que a gasolina, o menor poder calorífico do etanol faz com que  não seja tão eficiente quanto o combustível fóssil. Por isso surge aquele famoso cálculo “preço x desempenho”: só é mais vantajoso optar pelo etanol se o valor cobrado pelo litro custar até 70% em relação à gasolina. Apesar desse senso comum, alguns especialistas já afirmam que esse cálculo está ultrapassado e agora o etanol ainda será mais vantajoso se custar até 77% ou 78% do litro da gasolina.

Segundo o engenheiro, outro problema recorrente do etanol é a sua incapacidade de render bem em temperaturas baixas. “O etanol é menos volátil (facilidade de passar do estado líquido para o gasoso) do que a gasolina e, por isso, rende bem em alta potência, mas é bem pior quando o motor ainda está frio”, explica. É exatamente essa afirmação que nos leva para o próximo tópico...

Ciclo da dona de casa

“Ciclo da dona de casa” é como os engenheiros chamam informalmente a situação de trajetos curtos, ou seja, quando o motorista usa o carro por pouco tempo apenas para fazer alguma atividade específica. “Para aqueles que fazem esse ciclo com frequência a recomendação é que abasteçam seus carros com gasolina e não com etanol”, afirma Tomanik.

A explicação é a seguinte: quando rodam poucos quilômetros os motores são desligados antes de atingir a temperatura ideal. Assim o etanol (lembre-se, menos volátil!) que desce para o cárter pode não evaporar e acabar atacando o óleo, diminuído suas propriedades lubrificantes e trazendo problemas sérios para o motor.

Vale lembrar também que o etanol não é conhecido por contribuir com a lubrificação,  o que criou o imaginário coletivo de que o seu uso prolongado pode causar problemas em algumas peças do motor (velas grudadas no cabeçote, por exemplo), que trabalhariam com maior nível de atrito. “Esse problema não é tão comum e, se ocorrer, será apenas em casos bem específicos”, explica Tomanik.

Ainda de acordo com o engenheiro, a massificação de algumas evoluções tecnológicas, como injeção direta em motores flex (já presente no Ford Focus), devem diminuir ainda mais esse tipo de problema, o que nos leva a pensar no futuro da tecnologia flex...

Os próximos passos

Combinado com a injeção direta, outra evolução que deve cair nos braços do povo em breve é o turbo flex. Segundo o engenheiro é muito provável que a tecnologia – que estreou no BMW 320i ActiveFlex e fez maravilhas ao modelo alemão – chegue, daqui alguns anos, à patamares mais humildes. Em bom português: equipe também modelos populares.


A combinação deve ajudar os engenheiros a reduzir ainda mais as emissões e aumentar a taxa de compressão, melhorando a eficiência dos combustíveis e, consequentemente, ajustando a relação de competitividade “preço x desempenho” entre os dois combustíveis. Por enquanto, só nos resta esperar.

VIA:CAR END DRIVE

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